sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O Restaurador


Vestindo um jaleco branco.

Mãos habilidosas sobre uma antiga peça.

Retirar de uma..

Colocar em outra..

Aperfeiçoar!..

Seria gesso respingando pelo chão?

Não.

É um liquido vermelho intenso.

A peça se parece com um braço,

mas é mole e muito frágil

Assim como o corpo que a receberá de presente,

em meio a choro e ranger dos dentes a  cada enfiar da agulha

que cria fileiras com várias letras Xis,

o restaurador apenas sorri com paciência,

ao som de Danúbio Azul.

Enfim terminei!..” ele suspira.

No entanto,  o corpo que a muito se perdia em tremores,

Tem agora um braço imóvel

que terá de ser arrancado e descartado

Como em tentativas anteriores

- hora do almoço -

O restaurador sai de sua sala

exibindo uma suástica negra em seu braço.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Allegretto (continuação do "Larghissimo")



Abrindo os olhos desnorteado,

Bradok acordou

depois de ter simplesmente adormecido em pesadelos enquanto caía do céu.

Ao seu lado,

os seus mais próximos;

espíritos superiores e inferiores;

e Sábios entoando cantos mágicos

Aos poucos seus lábios se moviam com as canções,

enquanto relembrava quem era.

Seres da Terra o erguiam com as mãos.

Notou que tudo ao seu redor brilhava intensamente de modo particular.

Sua ninfa não era mais a única luz..

Todavia,

o mais importante de tudo foi que ele compreendeu muito do necessário.

Seu sonho,

foi modificado,

amplificado.

Suas botas aladas ganharam penas largas;

Seu chapéu ficara cada vez mais maluco.

Mas essa foi só mais uma bela manhã de verão

na Terra do Zé U

onde cada um tem uma história embriagante  dentro dos olhos

enquanto não para de sonhar..

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Compreendendo o Consciente Universal:


Basta um pensamento.

Apenas um

para perceber

Que em um sopro tudo pode se modificar.

Tudo está interligado meu caro!

Esse sopro sou eu e você

e podemos construir uma destruição

Ou destruir o que foi criado.

Se uma só partícula de areia se move;

Se galáxias em universos paralelos se chocam.

Sou eu.

Sou você

Bem e mal -

ciclos que dependem do agora e do observador.

Fim e inicio -

continuações que se intercalam.

Abraçar o carrasco,

torturar o que te abraça.

Tudo isso segue as Leis do Universo.

Foram Elas que te criaram.

Apenas perceba essa beleza

e respire fundo..

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Estátuas

Sou vigiado por fantasmas dentro de mim

Uma legião que se une num só fim.

Do nada aparecem.

Tento mover os pés

Eles me impedem.

Sussurram em meu ouvido:

“Incapaz! Não é bem-vindo!..”

Tento tapá-los com frivolidadese e ou afazeres.

As vezes funciona..

- apesar deles estarem presentes até na própria  ausência -

Espero o dia em que uma única ação.

Ou várias num só fim se unirão.

Paralisarão os fantasmas.

Assim, escutarei apenas o som da liberdade

sem espectros que pesam em prol da queda.

No entanto,

no agora..

Eles existem,

Insistem..

Enquanto tento engendrar meus próprios espíritos bons

que Eles ainda tentam abraçar.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Larghissimo (continuação do "Andante..")


1000 anos passou no azul.

Muito correu atrás da luz.

“Cheguei mais perto.

Minha amada luz era uma ninfa!..”

Ela vivia muito no passado

E gostava..

Mas minhas palavras

- no saco de vocábulos.. -

eram presentes e futuras”.

Crescente desânimo..

decepção..

“era uma ninfa..”

Pensou q a entendia.

“Achei que tínhamos o mesmo brilho interior..”

Os Seres da Terra gritavam seu nome.

O Sábio que o ajudara

temia que as palavras não se equilibrassem com o Tempo.

Reflexão..

“Voltarei aos Seres da Terra!..”

Uma voz em especial o esperava..

 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Andante..


Era uma vez, um duende de botas aladas e chapéu engraçado

Sonhar é o que todos os de mente sã fazem.

Bradok sonhava.

Queria voar o mais alto que pudesse.

Se juntar à iluminação do magnífico manto anil.

Pois para lá viu voar o feixe de luz mais brilhante e aconchegante das treze dimensões.

Bradok pediu ajuda a um dos Grandes Sábios

Que o deu um saco cheio de palavras

O duende sabia o que fazer..

Concentrou-se o máximo que pode.

Até se tornar o saco de vocábulos.

As palavras explodiram do saco;

Grudaram em suas botas aladas

E então ele saltou como nunca.

Fechou os olhos

sentindo perto o calor do prazeroso feixe de luz.

Os Seres terrestres só o viram subir.

O resto..

Só Bradok e o seu brilho poderão contar..

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

absencia calculate


Não tenho nome.

Não preciso parecer nada.

Tudo se parece comigo.

Claro que minhas ações são conscientes!..

(Até onde posso ver..)

Faço (sou) o que quero, na hora que quero.

Só não me peça para seguir seus padrões,

Agora não.

Ilegítimo é abrir a boca pelo inaceitável.

Num pé tenho o chão,

no outro uma galocha.

Em uma mão ergo A caneta,

na outra uma idéia afiada.

Vejo com os olhos do peito.

Vôo nos olhos da coruja.

E você ...

Pode me enxergar?..     

domingo, 3 de janeiro de 2010

Todo Mundo Tem Algo a Esconder Exceto Eu e Meu Macaco






ouça:


"But man, proud man,
Drest in a litle brief authority -
Most ignorant of what he is most assur´d
His glassy essence - like an angry ape,
Plays such fantastic tricks before high heaven
As make the angels weep."



"Mas o homem, o homem orgulhoso,
Investido de breve, vã autoridade -
Nada sabendo do que tem por certo,
sua vítrea Essência - qual mono enfurecido,
Faz ante aos céus esgares tão incríveis
que arranca lágrimas aos anjos."

 

W. Shakespeare, Medida por medida