terça-feira, 25 de maio de 2010

Sala de Espera


Uma bengala carrega o homem velho a um sofá azul de listras negras abaixo de um relógio de parede cor de areia de deserto.

O avô estava em transe, olhando para o neto pensava em quantas crianças já havia visto crescer, inclusive ele mesmo, um jovem de 83 anos.

– O que é isso vô?! O menino apontava para um cristal semi-transparente que servia como peso de papel.

O velho frisava o objeto e mais recordações vinham de uma vida como jovem garimpeiro.

Não juntara muitas riquezas, mas de nada se arrependia do que havia passado.

– Ah! É uma pedra velha...Vale nada não...

– Ela brilha!... Disse o garoto sem tirar os olhos do cristal.

– Coloca na luz ai vai ver o arco-íris nela..

Essas mesmas palavras haviam sido ditas 60 anos antes a uma morena de olhos negros cintilantes, lábios macios, cheiro de chuva..

– Pega pra você .. Disse o velho, olhando para o relógio.

O menino agradeceu com um sorriso tímido e saiu correndo com um arco-íris nos olhos..

“Engraçado!.. Quando jovem não me importava em brincar com a palavra morte.

Hoje, entendo que as pessoas que se iam eram apenas uma contagem regressiva..

Por isso, nem ouso mais invocá-la.

Uma hora entrará sem bater...” 

 

Um comentário:

  1. Uma hora, ela vem sem bater na porta!
    tenso...
    ficou lindo op texto cau.
    adorei!
    =p
    beijos...

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